sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Perguntei a um Amigo Imaginário

Chegou a casa, poisou as coisas e respirou fundo. Foi à cozinha, pegou numa vela e nos fósforos e de seguida dirigiu-se ao quarto onde se sentou no chão.
Em pose de meditação, acendeu a vela e fechou os olhos.




- Amigo, preciso de falar contigo, estás aí?


- Estou sim, sempre. Podes falar.


- Gostaria de saber se posso ser jovem para sempre.


- Como sabes, ninguém vive para sempre e o corpo humano tem limites, como tal envelhece e morre.
Mas não é isso a que te referes, ambos sabemos disso. Vai directa ao assunto.


- Pois. Amigo, eu gosto de ter o meu estado de espírito jovem e apesar da minha idade às vezes não sou bem interpretada, simplesmente porque há certos desvios da vida em que não quero participar, dá-me a sensação que estou a envelhecer.


- Todos têm um percurso de vida que nem sempre habitam no teu pequeno mundo, sempre haverá divergências e complicações, só tens de ser forte e tentares aceitar as coisas como são. Lembra-te que tudo tem um inicio, meio e fim.


- As pessoas às vezes não me levam a sério e isso deixa-me triste, chego mesmo a pensar que o problema é sempre meu. 


- Disparate, todas as pessoas têm uma maneira diferente de pensar e agir, acção/reacção, que nem sempre coincide com a tua. Só tens que dar a volta por cima e procurar uma maneira de não te culpares.


- Mas às vezes aborreço-me quando vejo pessoas que abusam e magoam-me por ser diferente. Mas também não se esticam que eu meto-as logo na linha.


- Hahaha, estás a ver como sabes, tu quando queres até te esforças...


- Sim, às vezes penso mais nos outros que em mim própria, talvez por gostar e ter medo de perder alguém.


- Quando se gosta de alguém, deve-se preservar, cativar, dar atenção e respeitar essas pessoas, nunca abandoná-las ou trocá-las por coisas. É um erro que se comete quando se é jovem. Não é o teu caso.


- Eu sei, tenho sono, a paz nas tuas palavras relaxam-me, Amigo. É sempre bom contar contigo quando mais preciso, obrigado.




Abriu os olhos e respirou fundo, dirigiu-se até à cama, pousou a vela na mesa de cabeceira e deitou-se com um sorriso na boca.



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