domingo, 28 de novembro de 2010

Renascer

Pisaste um caracol...ele mexia, deixava rasto, vivia, agora, não passa de uma mancha. Andas distraído, devias olhar à tua volta, entender o que te rodeia.
Não é assim tão mau, e não custa nada. Sabes que há coisas magníficas, mesmo debaixo dos teus olhos, só tens que acreditar que consegues.
Olha, vou-te contar um segredo, quando tinha mais ou menos a tua idade, fiz algumas coisas de que me arrependo, e esta, foi uma delas.

Um dia, decidi aventurar-me numa caminhada, gostava de explorar, queria conhecer tudo, e não olhava a meios para o fazer. Havia um monte muito alto, lá perto da minha antiga morada, uma pequena aldeia
. Acordei muito cedo, levei a minha lancheira e fiz-me a caminho. Comecei a subir o monte, e a cada passo que dava, descobria algo novo, um gafanhoto, uma planta, uma pedra, e até aves de várias cores. Era um mundo harmonioso. 
Quando estava quase a atingir o pico do monte, vi algo suave a pairar no ar, até que pousou do outro lado de uma rocha. Era uma borboleta, junto de outra, formavam um par maravilhoso.
Fiquei ali algum tempo a observá-las, fiquei tão fascinado, que queria uma só para mim. Mais tarde, vim a saber que a espécie daquela borboleta, era rara, existiam muito poucas.
Mas como eu não sabia nada disso, larguei a lancheira e fui, com muita calma e com o menos de barulho possível, apanhar uma delas, e consegui. Curiosamente, a outra não fugiu, deixou-se ficar, tal não foi o meu espanto.
Todo contente, desci o monte e até me esqueci da lancheira, claro que mais tarde, apanhei uma sova das boas, mas não vou falar disso. Assim que cheguei a casa, fui à cozinha buscar um copo e depois fui para o meu quarto.
Chegado ao meu quarto, sentei-me na cama, com a borboleta numa mão e o copo noutra,
 juntei as duas em cima da mesa-de-cabeceira, e plim, consegui enfiar a linda borboleta dentro do copo, era o maior que consegui encontrar.
Passei muitas horas a olhar para ela, até que foi perdendo as forças, foi ficando imóvel, e passado um tempo, morreu...fiz-lhe festas nas asas, e nada...depois percebi que a culpa foi toda minha, que já não podia voltar a vê-la, a bater asas e voar, com todo o seu esplendor.
Uns dias depois, voltei ao monte, recuperei a lancheira, tentei encontrar a outra borboleta, mas nunca mais a vi, fiquei muito triste. Naquela manhã, fiz uma promessa a
 mim mesmo, que até hoje cumpro.

Por isso te digo, tenta entender o que te rodeia, aprende a partilhar, acredita que consegues.

Sem comentários:

Enviar um comentário