terça-feira, 17 de julho de 2012

Por um Fio


Beata sucumbida de um rosto inacabado separa o fumo da carne seca e escura, mas a flor persiste no palco da peça triste com que se debate. Espreitem lá fora o ambiente quente que recruta os homens e o amor, esse vai com a flora revestida de ditos obscenos a cada língua que passa cheia de secura, implorando por água.
O direito à vida esconde-se por um fio, mas a ajuda tem um som distinto que só ele pode ouvir. O Amolador usa a sua Flauta de pã e provoca os céus com a melodia que irrita os Deuses mas que adormece a flor, como uma anestesia.
Como o cair de cada minuto numa hora de aflição o céu começa a libertar a sua fúria provocada e relâmpagos imortais, seguem o  Amolador que insiste nas suas notas de mel, e uma pinga de água, e outra, e outra, tocam na pequena flor, protegendo-a até à extinção do perigo.
Muitos perguntam porque foi ela poupada, lá ninguém sabe, nem o Moleiro sabe, nem vocês sabem, e os Deuses...esses ainda hoje olham para a Flauta de pã que os irritou, esperando ainda queimá-la numa tempestade odiosa, a bom proveito.


Mas eu sei...