quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Estrela

Gostava de olhar para ti
Um qualquer dia destes
Tocar-te na face fria
Dar-te um beijo quentinho
Sentar a teu lado e ouvir-te falar
Coisas do dia-a-dia
Não interessa o tema
Deliciar-me contigo
Usar um pouco do meu tempo
Espaço útil de vida precioso
Para contemplar sem outra
Da tua espécie distante
Parar no tempo com a tua imagem
Dizer-te como és bonita
E voltar a carregar no botão Play

Uma cassete já velha e gasta
Uma memória límpida
Uma fruta madura e cristalina
Uma proeza do pó estelar

Porque o amor quando é verdadeiro não tem etiqueta com prazo de validade, tem sim um aperto no coração. Liberta-me...

domingo, 9 de dezembro de 2012

Quadro Vivo

Pendurado numa árvore estava um pneu, um baloiço, sentado nele estava um anão, ele baloiçava, ele sorria e ria como uma criança, era deveras uma imagem colorida e movimentada nos meus olhos. Essa imagem no entanto carecia de alguém que impulsionasse aquele pequeno ser para a frente, mas por momentos ele esquecera tudo e concentrava-se no apoio materno daquele balouçar.
No quintal, aquela árvore impunha respeito não só pela sua altura mas também pela sua largura, como um forte elo familiar, algo de que o pequeno anão sentia falta. As memórias e a saudade atacavam-no agora, momento profundo da realidade com um grande pesar e tristeza.
O vento do Outono tocava-lhe nos cabelos como festinhas solidárias de lamentos, as folhas, essas, cobriam-no como uma manta em tons castanhos dando-lhe a forma de um casulo. Estava na hora do recolher e trouxeram-no para dentro, os remédios esperavam por ele.