quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Acorrentado

As mãos que lavam a face
Da cor preta e branca aliviam
A superfície de um rosto esquecido
Há beira de um rio de mágoas 
Os olhos abrem e reconhecem
As linhas do sol que recebem
Reflectindo o nítido espaço que o envolve
Encarando mais uma vez a vida
Num rodeio alvoroço de penas
Regista-se o silêncio na concha
Da água que ele agora aconchega
Uma sólida imagem da solidão
Cujo conteúdo foi retirado
Pelo cento da sociedade humana
De um orgão musculoso chamado amor

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Whadark

No canto escuro, lugar onde te sinto por perto,
No canto gélido, lugar onde corrumpes corações,
Debaixo, ajoelhados ao teu encanto sombrio,
Debaixo do olhar enganador reparo em ti.
Debaixo, a tua sombra de multidão
Escurecendo as cores vivas das almas de uns tristes.
Tu, que apertas o pouco que resta,
Tu, que te alimentas da benevolência ímpar, 
Tu que dás a ilusão de algo inalcansável reforças a dor.
Na penumbra eu destaco-me, 
Na imensa mancha de alcatrão seco eu quebro-te,
Lanço e relanço olhares coloridos de um coração puro
Apagando o teu caminho com humildade límpida,
Não corrupta ao interno sabor da crueldade, 
Que invocas em nome da falsidade astuta.
- Deixai viver a morte contínua da qual me alimento...
Nunca estiveste tão perto de ser sacudida, 
Como agora, momento estrábico da tua essência.