sábado, 24 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Lobo Mau



Penduro um beijo na corda, à moda antiga
Acendo a lenha do desejo, e deito-me
Um cobertor, aconchega-me a parte despida
Oiço, o teu suspiro lá fora como um assobio matinal

Observo delicadamente os teus pés descalços
Recuas lentamente com um sorriso nos lábios, humedecidos
Imito um uivar que te arrepia a espinha, cauteloso
Colocas-te de gatas roçando o sofá, em tom de miau

Desabotoas a pele de gata, arfando, focinho delicado Tacteando o meu peito, subindo lentamente ao sentido e cada passo, memorizando os toques suaves da tua língua.
O cobrejão é dirigido ao meu orgão sexual e folhas pesadas penetram-te na raiz aromática, alisando os restos de ternura e deixando-te sucumbir.
Tuas garras afiadas excitam-me arduamente, elevando a fasquia a outro nível, com afecto e desgaste rebolamos pelo soalho como um só... 
A arena agora calma, despede-se com Sayonara às tuas últimas gotas de líquido espesso, a sua última censura aprova-as. 


Um copo de leite quente te espera...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Momento Mágico


Flutua nas suas veias entre pingos de serenata sob a janela do seu coração. Improvisa um doce chilrar ao que a brisa transporta por entre folhas secas, castanhas de dois tons.
Apesar da tempestade ele sente-se com força e vontade de criar, floresce de novo sorrindo. 
Seduzido pelo aroma e superfície lisa, embarca numa nova jornada da sua existência espiritual, uma viagem lenta e agradável transpõe-no noutro lugar, num patamar que causa frio às gotas coloridas ficando cego por momentos, perdido à luz da noite ele encontra-se onde se esconde.
Feito de tiras metálicas sob um colchão construído numa qualquer fábrica, o objecto deseja a sua partida já muito reclamada para um último aviso. 
O desejo de elevar-se acima do germe da corrupção moral que habita, sentir o cheiro dos agentes responsáveis pela poluição, destruição, consumismo, já há muito sentido pela sua doença que se prolonga.


É hora de desligar a máquina...


Todos os presentes se despedem do seu corpo inanimado, mas ainda quente, é o momento em que o balão flutuante leva o legado desta vida numa terra prometida e parte em busca de um mundo melhor, o seu adoptado Universo.