sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Addios




Para quê esticar a perna se querem logo um naco? Sei que é difícil aceitar que certas pessoas mudem, mas mudar pode ser crescer. Vamos pensar que sim.


Em conversa com um personagem que eu criei, digo-lhe que é possível crescer, por mais que a vida lhe reserve uma posta de azedume ele não irá duvidar da minha opinião, mas pode ser oportuno para ele mais tarde colocar-me a questão:

- Porquê todo este molde de consequências atrozes?


É lixado mas a verdade é que nós, ser humano, por vezes temos uma vontade enorme de transformar a nossa dor emocional num conjunto de palavras.
Esta pessoa fictícia tem um papel difícil na visão de quem a cria, neste caso, o eu, ou o tu.
Às vezes o resultado imaginário é melhor que o real, pudera, é a nossa versão vs a outra, e cá para nós, sabemos bem que a melhor é a tua, ainda que por vezes não seja a mais correcta.


Bem, a minha posição é deixar o personagem na dúvida, visto que o " tu " já participou no diálogo anterior ao meu.
Por esta altura poderia chamar o personagem de " mexilhão ", isto porque já tem barbas devido à impaciência de querer saber mais qualquer coisa, a dúvida é tramada, senão alimentícia.


Se à coisa que gosto é de reflectir, pensar antes de intervir e não vomitar palavras que possam ser inapropriadas.
Há quem se safe com impulsos cosméticos de forma alinhavar um diálogo calmo e passar à frente, esquecendo o que realmente seria importante.


Foi assim que deixei o personagem " tu " no esquecimento. Addios... 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Poeta


Toda e qualquer espécie animal que ingere tempo de vida picada, sofrendo assim um metabolismo diversificado de situações ou acontecimentos imaginados, reconstituídos esteticamente cujo paladar não acompanha.
Defeca caminhos explorados tornando-os mais apelativos, chamamentos em tom puro e solidificado de tudo o que sente/sentiu de forma a libertar-se suavemente de um fardo complexo.

Perdido?


Por mais que me espalhe por aí, existem algumas raras vezes em que um olhar incomoda o meu pequeno mundo. 

Incomoda, não no mau sentido mas no sentimento que desperta em mim, que me deixa desmaiar em apreciação, como se estivesse a degustar algo que brilha para depois aquecer cá dentro.

Quero dizer que às vezes existem pontos estelares que vale a pena memorizar, ser atraído por eles é por vezes fácil, no meu caso.

A magia vem depois como uma droga chamada diálogo, o entendimento terá o seu lugar à luz da Lua, do Sol, onde se ajustar terá o seu nome.

Mas sim, às vezes há um olhar, uma harmonia que segue a corrente lá do alto e fortalece um som articulado entre duas pessoas. Uma pequena frase, duas ou mais palavras e zás...toca-nos.

Fico confuso com essas histórias do destino, estereótipos que soam bem ao ouvido. Tenho as minhas dúvidas quanto a esses deja vu´s, Cliché ao ritmo da cor rosa que por esse papel invade as casas, as Tv´s, a Internet.

Mas e se uma vez na vida, uma remota hipótese de sucesso, esse tal foco de tranquilidade  invadir o nosso estado de alerta, o nosso íntimo e a intocável raiz da vida? 

Estaremos habilitados para a acompanhar? Teremos sucesso? Valerá a pena arriscar mais uma vez, mesmo que voltemos a cair no chão?

E porque não? O que nos impede?
Não somos nós uma experiência de algo que se formou, sem perguntar se queríamos cá estar...foi preciso um consentimento para este maravilhoso planeta se formar?

Eu estou vivo, estou aqui, não tenho nada a perder. Não se trata de orgulho, de honra, mas sim de consciência íntima, da chapa que se derrete dentro de nós à espera de ser moldada.

Para quê rodeios de mil e uma notas musicais só para dizer uma frase, ou pergunta directas?
Para quê esconder-se sobre uma capa de palavras bonitas?

Porque me sinto bem, porque tu gostas, porque essas notas musicais fazem parte de uma canção, a nossa composição. Não é isso que faz girar o nosso Mundo?

Sejamos directos, libertemos, digamos sim, cruzar o chocolate e o leite fresco, sempre se podem aquecer mais tarde.
Faz todo o sentido e este, será o espírito e a força que nos faz empenhar e aceitar de novo alguém que nos queira acolher, amar até...

domingo, 11 de setembro de 2011

A Cartada da Injustiça ( conto )


Opto pelo acolhedor destino do inferno, tarde demais para me redimir do que irei fazer... 


...um último suspiro de hálito a destruição e gangrena invade o ar pela doença que me acompanha, nesta última tarefa que colocará o fim a esta jornada.


- Boa noite, em que posso ajudá-lo?
- Pode começar por me responder a uma pergunta. Tenho cara de quem tem um pénis de negro?
- Como disse???
- Ouviu bem, tenho cara de quem tem um pénis de  negro?

- Não, não, de maneira nenhuma!!!
- Então porque demorou mais de 15 minutos a atender-me? Terei demorado tanto a penetrar o restaurante? 
- Hum?
- Ou terá sido por me apresentar num estado inválido que proporciona ao olhar humano uma visualização de alguém numa cadeira de rodas?
- Hum...
- Não seria assim urgente a sua deslocação de forma prioritária?
- Haaaaa...peço imensa desculpa, não volta a acontecer, mil perdões. Em que posso ajudá-lo?


Cambada de incompetentes, falta de sensibilidade. Estará o mundo da servidão a perder qualidade? Que critérios terá esta gente para os impedir de ajudar alguém inválido? Não seria uma prioridade, tal como as grávidas?
Mas até as grávidas nos dias de hoje são desprezadas, talvez por falta de cavalheirismo, onde está o respeito por quem trás alguém na barriga durante nove meses, suportando o seu peso e dores...


- Traga-me a maior costeleta de novilho que encontrar na cozinha, acompanhada pelo vosso melhor vinho tinto, não olhe a preços.
- Sim senhor. Deseja entradas?
- Traga-me só um Martini Bianco com uma azeitona daquelas verdes com pimento no meio, por favor.
- Com certeza.


Depois de uma vida a observar o seu comportamento, de estudá-lo e tentado a compreendê-lo, a conclusão é sempre a mesma, System Failure, parece saído de um qualquer filme de FC...
Por mais que se aperfeiçoe as tecnologias existe sempre uma possível falha, neste caso, todas as falhas...


- Aqui tem o seu Martini.
- Obrigado.


Farto das impurezas humanas, que habitam nesta linda bola azul seguindo um estímulo intitulado de " Live and let Live " racionalizado sabe-se lá por quem...hipocrisia da mais pura.


- Cá está a sua costeleta de novilho. E o nosso melhor vinho. Deseja mais alguma coisa?
- Quando voltar a chamá-lo, traga-me um isqueiro, é que deixei o meu em casa.
- Sim , senhor. Bom proveito.


Proveito...o sabor típico daqueles que governam o lado negro da história, que se aproveitam dos elos mais fracos para enriquecerem à custa de outros. 
Máquinas viciadas nas entranhas da sociedade, um intestino cheio de podres com buracos para todos os lados e feitios.


- Empregado? Empregado?


- Como estava a refeição?
- Estava tudo óptimo, obrigado.
  Faça-me um favor, está a ver aquele senhor sentado naquela mesa?
- O Juiz, Mélaroni?
- Sim, essa ratazana sem escrúpulos. Preciso que lhe entregue este envelope, não se importa?
- Hum, não, de maneira nenhuma.
- Antes de ir, deixe ficar o isqueiro, por favor.
- Com certeza.
- Agora vá.




- Desculpe interromper, aquele senhor pediu-me para lhe entregar este envelope.
- Obrigado. 




Envelope

Mélaroni, ou será " Ratazana Corrompida " ?
Estragaste-me a vida, tiraste-me o único filho que tive, a sua carreira, a sua família, e agora a sua vida... 
Tudo à tua volta é veneno tóxico, tudo cheira a morte em troca de favores, interesses, jogo e prostituição, mas tudo isso acaba hoje. Trago comigo um rastilho emparelhado com barras de dinamite, agarradas à minha cadeira pessoal.
Não vale a pena fugires ou fazeres barulho, rebentarei com isto em menos de nada, mas podes fazer uma última coisa, olhar-me nos olhos.




- Estás pronto para a viagem?




FIM