quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Tenro Assobio

Por vezes a partilha torna-se difícil, as corujas não se manifestam e o miolo envolto de saliva caí, assim se faz um murmurinho à volta dos que não sonham, dentro de um ninho confortável mas injusto, pois só crescem os mais fortes. Idealizar o que nos faz mover é por vezes tudo o que resta neste mundo piranha, devorados pelo sistema para nos fazer perder tempo, evitar o bom do outro lado da porta e deixar secar. 
A rotina ensina o lado visível da monotonia sem cerimonias, só lamentos disto e daquilo derivados da eletricidade que nos rodeia, esquecidos. Os astros têm pregado partidas à constelação, orientados pelo horário da sociedade, indivíduos solitários a bater com a cabeça nas paredes sujas do crime, miséria ressequida de um lobo franzino já sem dentes.
Esporadicamente, faz-se luz sobre uma cama de cartão impulsionada pela bondade reflectida por um búzio vazio a milhas de distância, sim é possível mesmo para aquelas que cacarejam insultos atrás de um muro de girassóis. Do outro lado da janela perscruta o medo, o escuro, ansiedade por uma trela solta, uma escapatória milagrosa com frutos à vista.
O sentido correcto é aquele que queima no candeeiro a óleo depois de umas velas frustadas, a chama já gorda não quer outra coisa senão consumir os olhos do utente, cansado e triste. Voa esperança, voa, voa que os teus olhos são lindos e quentes e não dão suspeitas a ninguém, e assim consomes o povo...

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