domingo, 11 de setembro de 2011

A Cartada da Injustiça ( conto )


Opto pelo acolhedor destino do inferno, tarde demais para me redimir do que irei fazer... 


...um último suspiro de hálito a destruição e gangrena invade o ar pela doença que me acompanha, nesta última tarefa que colocará o fim a esta jornada.


- Boa noite, em que posso ajudá-lo?
- Pode começar por me responder a uma pergunta. Tenho cara de quem tem um pénis de negro?
- Como disse???
- Ouviu bem, tenho cara de quem tem um pénis de  negro?

- Não, não, de maneira nenhuma!!!
- Então porque demorou mais de 15 minutos a atender-me? Terei demorado tanto a penetrar o restaurante? 
- Hum?
- Ou terá sido por me apresentar num estado inválido que proporciona ao olhar humano uma visualização de alguém numa cadeira de rodas?
- Hum...
- Não seria assim urgente a sua deslocação de forma prioritária?
- Haaaaa...peço imensa desculpa, não volta a acontecer, mil perdões. Em que posso ajudá-lo?


Cambada de incompetentes, falta de sensibilidade. Estará o mundo da servidão a perder qualidade? Que critérios terá esta gente para os impedir de ajudar alguém inválido? Não seria uma prioridade, tal como as grávidas?
Mas até as grávidas nos dias de hoje são desprezadas, talvez por falta de cavalheirismo, onde está o respeito por quem trás alguém na barriga durante nove meses, suportando o seu peso e dores...


- Traga-me a maior costeleta de novilho que encontrar na cozinha, acompanhada pelo vosso melhor vinho tinto, não olhe a preços.
- Sim senhor. Deseja entradas?
- Traga-me só um Martini Bianco com uma azeitona daquelas verdes com pimento no meio, por favor.
- Com certeza.


Depois de uma vida a observar o seu comportamento, de estudá-lo e tentado a compreendê-lo, a conclusão é sempre a mesma, System Failure, parece saído de um qualquer filme de FC...
Por mais que se aperfeiçoe as tecnologias existe sempre uma possível falha, neste caso, todas as falhas...


- Aqui tem o seu Martini.
- Obrigado.


Farto das impurezas humanas, que habitam nesta linda bola azul seguindo um estímulo intitulado de " Live and let Live " racionalizado sabe-se lá por quem...hipocrisia da mais pura.


- Cá está a sua costeleta de novilho. E o nosso melhor vinho. Deseja mais alguma coisa?
- Quando voltar a chamá-lo, traga-me um isqueiro, é que deixei o meu em casa.
- Sim , senhor. Bom proveito.


Proveito...o sabor típico daqueles que governam o lado negro da história, que se aproveitam dos elos mais fracos para enriquecerem à custa de outros. 
Máquinas viciadas nas entranhas da sociedade, um intestino cheio de podres com buracos para todos os lados e feitios.


- Empregado? Empregado?


- Como estava a refeição?
- Estava tudo óptimo, obrigado.
  Faça-me um favor, está a ver aquele senhor sentado naquela mesa?
- O Juiz, Mélaroni?
- Sim, essa ratazana sem escrúpulos. Preciso que lhe entregue este envelope, não se importa?
- Hum, não, de maneira nenhuma.
- Antes de ir, deixe ficar o isqueiro, por favor.
- Com certeza.
- Agora vá.




- Desculpe interromper, aquele senhor pediu-me para lhe entregar este envelope.
- Obrigado. 




Envelope

Mélaroni, ou será " Ratazana Corrompida " ?
Estragaste-me a vida, tiraste-me o único filho que tive, a sua carreira, a sua família, e agora a sua vida... 
Tudo à tua volta é veneno tóxico, tudo cheira a morte em troca de favores, interesses, jogo e prostituição, mas tudo isso acaba hoje. Trago comigo um rastilho emparelhado com barras de dinamite, agarradas à minha cadeira pessoal.
Não vale a pena fugires ou fazeres barulho, rebentarei com isto em menos de nada, mas podes fazer uma última coisa, olhar-me nos olhos.




- Estás pronto para a viagem?




FIM

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